sábado, 21 de novembro de 2009

A Gangue do Palhaço

Ao chamado de Arlequim, as outras quatro figuras aproximam-se dele. Carlão e os outros ficam boquiabertos. Jamais em todas suas não-vidas tinham vistos seres tão grotescos e deformados como aqueles. Um a um os membros da Gangue foram aproximando-se e apresentando-se, assim como em um grande espetáculo.

- Venham irmãos, não temam, eles apesar de feios não mordem. E Arlequim solta mais uma de suas gargalhadas histéricas.

O primeiro a aproximar-se trajava roupas típicas de mágico: capa preta com fundo de cetim vermelho, gravata borboleta e a cartola e bengala tão inseparáveis. 

- Alexei Yvanoiev, O Necromante a seu dispor. E ao retirar a cartola, todos vêem seu rosto com maior nitidez – longos bigodes negros, e uma barba em forma de cavanhaque pontudo, porém a sua face aquosa nada mais era que uma imagem translúcida azulada, lembrando os espectros de velhos filmes de terror.

Pulando de uma das grades do parque, fazendo acrobacias nas árvores e junta-se ao grupo mais uma figura.

- Доброй ночи Камрад! Aleksandr и Aleksandra Piaseczno, Удовольствие в знать их!

- Chefe, isso por acaso é alguma língua aborígene? Falou SK8

- Isso é russo SK8.

- Como você sabe ô almofadinha?

- Eu estudei... Falou Little, com certo ar de orgulho por possivelmente ser o único a entender o que aquele casal horrendo de gêmeos siameses falava e aproveitou a deixa para demonstrar seus dotes lingüísticos:

- Доброй ночи Камрад Aleksandr, Камрад Aleksandra. Как они идут?

- Улучшайте теперь для иметь кто-нибудь внутри понимает их! E falando isso, como se em um passe de mágica os gêmeos dividem-se em duas pessoas distintas – quase distintas, pois um era a cara metade do outro. Aleksandr o lado esquerdo e Aleksandra o lado direito por isso quando os dois juntavam-se pareciam ser apenas uma única pessoa.

- Ah queridos expectadores, peço perdão pelos irmãos Piaseczno. Já tentei várias vezes ensinar o português a eles, mas no vilarejo onde eles nasceram na Cracóvia é tido como de mau agouro negar as suas raízes, então...

- Amenidades à parte Arlequim falta um de seus palhaços se apresentar.

- Oh grande Delegado! Desculpe a minha falta de decoro com vossa pessoa! Pierrot! Aproxime-se!

E Ao ouvir isso, um homem extremamente obeso fantasiado de pierrot, se junta aos demais.

- Senhores, este é o Pierrot, os saúde meu caro amigo! E Pierrot faz uma reverência aos demais vampiros.

- Ow Arlequim, o gato comeu a língua dele por acaso? Falou J.J. em tom de chacota.

- Hum... Na verdade não, mas ele deve manter a boca fechada por motivos óbvios.

- E quais seriam esses motivos, poderíamos saber? Retrucou Carlão.

- Na hora certa, todos vocês saberão. E Arlequim mostra seu sorriso e brilho nos olhos sinistros.

- Caro Carlão, já que demonstrou diplomacia até o dado momento, nós da Gangue do Palhaço agiremos da mesma forma. O Senhor da cidade ainda é Claudius Maximus XV não é mesmo? Bem, ele já nos conhece de um bom tempo e temos passe livre pela cidade, desde que não cometamos nenhuma atrocidade a qual ameace a nossa existência nem a existência dos membros da corja que vocês fazem parte.

Carlão cerra os punhos.

- Falei algo de errado? Camarilla do espanhol não quer dizer "Corja dos que buscam o poder"? Ou por acaso Hugo Henrique não te ensinou aulas de espanhol? Enfim, isso pouco importa agora. O que importa é: temos inimigos em comum: os caçadores e o Sabá. Necromante é a sua deixa. Necromante brande sua bengala, retira a cartola e olha firmemente para o chão brandindo as seguintes palavras:

- Ignus præsto veritas!

Imediatamente uma chama azul com a mesma proporção de uma fogueira aparece na frente de todos. Neste fogo mágico podem ser vistas cinco figuras acorrentadas a grilhões sendo escoltadas por uma criatura gigantesca possivelmente não humana até a presença um homem. Ele estava de pé e trajava roupas das forças especiais do exército alemão.

- Mein freunde. Desrespeitaram o Heich pisando em solo puro seus zigeuners! Herr Ansgar Dietrich determinou a punição máxima du Sie! Então Carlão, J.J. e os outros presenciaram as maiores atrocidades possíveis até mesmo para um vampiro, em particular, para estes cinco vampiros.


- Ignus delere! E com o bater de sua bengala no chão, Necromante desfaz a chama.

- Já ouviu falar em Vicissitude Carlão? Talvez não... Vampiros do novo mundo conhecem muito pouco sobre esse poder e seus possuidores. Pois bem, viajamos até estas terras por saber que uma das crias de Herr Ansgar instalou-se nesta cidade e, não importa como, o encontraremos e descobriremos o verdadeiro paradeiro de Herr Ansgar Dietrich e destruiremos com nossas próprias mãos esse maldito Tzimisce e todo aquele que se interpor em nosso caminho. Essa será a nossa vingança. E como costumeiramente, Arlequim ri histericamente.

A conversa é interrompida por um toque discreto de celular.

- Sim, quem fala? Senhor Hugo! Claro que sim, eles estão comigo. Comparecer onde? Tudo bem vamos adquirir transporte adequado para levar todos até aí.

Sussurrando mesmo a uma certa distância Arlequim fala:

- Hugo, Carlão levará reforços. Tenho plena certeza de que adorará ver nossos rostos por mais uma vez...