domingo, 11 de maio de 2008

Onde está o Senhor da Cidade?

Alvoroço geral no grande salão abaixo do Tribunal de Justiça de Pernambuco. Membros ilustres acomodam-se em suas cadeiras, cada uma adornada cuidadosamente para satisfazer os representantes e mais velhos de cada Clã ali presentes.

- Ele já está uma hora atrasado. Falou Xavier Pendragoon, entre os dentes.

Pierre D'Lambert que sempre parecia distraído com a suntuosidade única a qual o salão era preparado a cada reunião (mesmo as de emergência), retrucou com sua voz macia e sotaque francês extremamente carregado:

- Xavier, releve o atraso. Apesar da idade, non esqueças que ele ainda c'est un enfant mon cher.

E ao terminar sua frase, deu uma leve jogada para trás em suas madeixas loiras presas em uma longa trança.

De repente a porta dupla de mogno abre-se abruptamente. Todos se viram pensando ser o Ilustríssimo Senhor da cidade, mas quem adentra é uma figura de cabelos castanhos, longos e desgrenhados, trajando um jaleco ainda sujo de sangue e completamente molhada da chuva torrencial que caía la fora. Seus olhos de um amarelo pálido, injetados nas órbitas e um sorriso mórbido a deixam ainda mais assustadoras.
A água misturada com o sangue no jaleco, pinga quando ela anda, possivelmente deixando manchas irremovíveis do tapete persa azul-real escolhido cuidadosamente para esta reunião.
Ivo senta-se na cadeira a qual fora reservada para ele e sacudindo como um cão os últimos resquícios de água da chuva em seus cabelos, olha para todos os cantos como se procurando alguém no invisível paranoicamente - como era de costume, para então finalmente saudar a todos com um "boa noite" em sua voz rouca.

- Essa aura faiscante...Este cheiro de loucura...Ivo, desde quando estás aqui? Indagou Xiavier.

- Xavier por acaso além de cego ficou surdo? Não ouviu o estardalhaço feito por mim ao entrar? Respondeu Ivo em tom sarcástico como era costumeiro.

- Sim Ivo eu ouvi. Porém pensei já estares aqui entre nós a aproximadamente 20 minutos atrás.

- Aaaah, foi isso! Sim eu estive aqui, mas em projeção. Estava querendo confirmar uma coisa.

- E nós podemos saber qual "coisa" seria esta?

- Sim, sim...Só não lembro agora exatamente o que era...

Xavier balança a cabeça negativamente. Confiar na memória de Ivo seria o mesmo que deixar sua conta bancária aos cuidados de um Ravnos.

- Já pensou em consultar um neurologista e um psiquiatra? Eles poderiam estar resolvendo este seu problema. Se pronunciou sarcasticamente Marcos Gadelha, até então completamente em silêncio.

- E você já pensou em procurar um cirurgião plástico? Quem sabe ele não arruma essa sua cara de quem foi atropelado por um trem? Respondeu Ivo em mesmo tom.

- Mon Dieu! Parem com isso, estão parecendo recém-abraçados!

- A culpa não é minha D'Lambert! Foi esse feioso aí que começou a reclamar dos meus lapsos de memória. Só porque eu esqueci que no início da noite a mansão de Claudius fora invadida por caçadores de bruxas e incendiada posteriormente? Só porque esqueci que me projetei astralmente pra esta reunião pensando a mesma também ter sido invadida por essa escória? Só porque esqueci de falar que nosso Senhor corre perigo? Ih, lembrei o que tinha a dizer...

- E isso foi a quanto tempo? Falou Xavier em um tom assustado, nem se importando de disfarçar.

-Hum....Creio que a aproximadamente uma hora, 27 minutos e quarenta e oito segundos...Esperem, quarenta e nove, cinqüenta...Ahh esta porcaria de ponteiro não para!

- E o que estamos fazendo aqui ainda? Retrucou Xavier.

Ness exato momento a porta de mogno é novamente aberta abruptamente, desta vez com mais violência. Ita Açu, o Senhor do Clã Gangrel entra, carregando em seus braços Claudius Maximus XIV, o Senhor da Cidade com seus trajes impecáveis completamente rasgados e queimados. Sua pele e cabelos chamuscados ainda mostrando sinais de fumaça...

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